sexta-feira, 23 de março de 2012

RES - Regime de Exploração Simplificada

Tem-se falado nos últimos dias, da intenção da Refer de passar o troço Régua - Pocinho para R.E.S. - Regime de Exploração Simplificada.

O R.E.S. é o regime de exploração a que está submetida uma linha ou troço de linha de via única, onde é designado um Chefe de linha (agente instalado numa das estações da linha que dirige e autoriza todo o serviço da circulação dos comboios nessa linha) e um Chefe de comboio que, seguindo nele, recebe do Chefe de linha quer pelo telefone, quer pessoalmente, todas as ordens e directrizes relativas ao serviço da circulação e ao serviço do seu comboio. (in Lexico Refer)

Actualmente, a exploração dos comboios na Linha do Douro é feita através do regime de cantonamento telefónico. Este sistema baseia-se na troca de despachos telefónicos entre uma dependência e as suas colaterais com interferência na circulação, pedindo e autorizando a ocupação do único cantão existente num dado sentido entre as referidas dependências. (in Lexico Refer)

Por exemplo, o chefe da estação da Régua tem um comboio para enviar para o Pocinho. Pega no telefone e liga ao chefe da estação imediatamente a seguir (por exemplo Tua). O chefe da estação do Tua concede o avanço e caso não exista mais nenhuma circulação prevista repete este procedimento com o chefe da estação imediatamente a seguir (por exemplo Pocinho).

Enquanto falam ao telefone, os dois chefes fazem o registo escrito destes procedimentos, que servirá para apurar responsabilidades se alguma coisa de errado se passar. Só depois de o avanço para a estação seguinte estar concedido é que o ferroviário da Régua pode apitar para o comboio seguir.

Embora arcaico e totalmente dependente de meios humanos, o cantonamento telefónico é um sistema seguro e é também usado nas linhas do Minho, Oeste e parte da linha do Algarve. Mas isso implica que haja nas estações agentes de circulação e manobradores que accionem as agulhas quando há cruzamentos de comboios.


Em termos técnicos, o R.E.S. implica também o talonamento das agulhas (ou aparelhos de mudança de via - A.M.V. - ver agulha talonável in Lexico Refer), de forma a que não seja necessário um manobrador da Refer sempre que exista um cruzamento.

Nos últimos tempos de funcionamento, o Ramal da Lousã esteve em R.E.S. sendo o avanço pedido pelo revisor do comboio. Neste caso, os avanços eram pedidos em Ceira, Miranda e Lousã.

As imagens que se seguem ilustram as agulhas talonáveis existentes na estação do Crato. Actualmente este tipo de AMV's pode também ser encontrado na Linha do Algarve, entre Tunes e Lagos.

comentário do autor: "Símbolo Indicativo da Posição da Agulha Talonável - Crato"

comentário do autor: "Agulha Talonável - Crato"

comentário do autor: "Agulha Talonável - Crato"









quinta-feira, 22 de março de 2012

Ramal de Montemor-o-Novo - um pouco de história

O Ramal de Montemor-o-Novo era uma linha ferroviária que ligava Torre da Gadanha (estação pertencente à Linha do Alentejo) à cidade de Montemor-o-Novo.
Inaugurado em 2 de Setembro de 1909 e encerrado em 28 de Maio de 1987, o ramal, com cerca de 12 km, tinha apenas uma paragem: Paião.
O antigo canal ferroviário foi convertido numa ciclovia, existindo ao longo do caminho alguns vestígios ferroviários, como um edifício de uma antiga PN, o antigo apeadeiro de Paião, a ponte sobre o rio Almançor e o edifício de passageiros da estação de Montemor-o-Novo.

Em 1978, existiam 4 circulações em cada sentido, demorando a viagem cerca de 25 minutos.
Antes do encerramento, o ramal estava reduzido a uma única circulação diária.


As imagens que se seguem,ilustram o ambiente ferroviário deste ramal.

  • Torre da Gadanha [Linha do Alentejo]
    comentário do autor: "O 1110 com o primeiro comboio da manhã, de Montemor/Torre da Gadanha, aguarda a saída do Regional Barreiro/Beja com a 1500 à cabeça.
    Em Fevereiro 1982 " via Transportes XXI




    À esquerda, o canal da antiga via para Montemor-o-Novo. Foto de José Sousa (2006) via Transportes XXI

    À esquerda, o canal da antiga via para Montemor-o-Novo. Foto de José Sousa (2006) via Transportes XXI

    À esquerda, o canal da antiga via para Montemor-o-Novo. Ao centro, a antiga "Rotunda". Foto de José Sousa (2006) via Transportes XXI


    o início da ciclovia


    entre Torre da Gadanha e Paião



  • Paião



    comentário do autor: "Aviso de PN cerca de 500mts depois do Paião, direcção Montemor."


    comentário do autor: "A 1ª PN vigiada depois da Torre, direcção Montemor. Dista cerca de 1km do Paião e situa-se no PK 81,529 do ramal de Montemor."

    Entre Paião e Montemor:








  • Montemor-o-Novo

    autor não identificado - via http://www.meteopt.com

    um dos raros registos de um comboio a circular no ramal - autor: João Marques (1982)




    fonte: último sinal de partida

    comentário do autor: "O antigo estaçao de Montemor-o-Novo. Montemor-o-Novo, 06 de Setembro 2003"







Nota: as fotos que ilustram este artigo estão identificadas com o nome do autor e quando aplicável, com a referência onde foram encontradas.

quarta-feira, 21 de março de 2012

As Schindler Voltam às Beiras - Viagem especial Dezembro 1999



autor: João Paulo Mendes Ferreira @ Ferroviários (grupo do Facebook)
comentário do autor: "Comboio especial ao serviço da Comissão Instaladora do Museu Nacional Ferroviário para a viagem "As Shindler voltam às Beiras" realizada em Dezembro de 1999. Estação da Guarda."


A comissão instaladora do Museu Nacional Ferroviário, com o apoio da CP realizou em 12 de Dezembro de 1999 um comboio especial denominado "As Schindler Voltam às Beiras".
A composição formada por por 2 restaurantes Carrel et Fouché e 3 carruagens Schindlers de 1ª classe partiu de Lisboa Santa Apolónia em direcção à cidade da Covilhã, traccionada pela locomotiva diesel 1525. Desta cidade, já com a locomotiva diesel 1453 a traccionar, o comboio seguiu em direcção à Guarda, onde houve nova troca de material motor. Aqui, o diesel deu lugar ao eléctrico, e foi a locomotiva 2501 que levou o comboio de volta a Lisboa Santa Apolónia.

Deste passeio, deixo aqui estes magníficos registos fotográficos:

autor: Mark Widdison

autor: João Paulo Mendes Ferreira @ Ferroviários (grupo do Facebook)
comentário do autor: "Comboio especial "As Shindler voltam às Beiras" realizado em Dezembro de 1999 aqui na estação de Castelo Branco."


autor: João Paulo Mendes Ferreira @ Ferroviários (grupo do Facebook)
comentário do autor: "A locomotiva 1453 na Covilhã em Dezembro de 1999 preparando-se para rebocar o comboio especial "As Shindler voltam ás Beiras" entre esta cidade e a Guarda."

comentário do autor: "1525 on the right stabled and 1453 just visable on the left in the far distance at Covilha on Sunday 12th December 1999."


autor: João Paulo Mendes Ferreira @ Ferroviários (grupo do Facebook)
comentário do autor: "O comboio especial "As Shindler voltam às Beiras" circulando entre Covilhã e Guarda em Dezembro de 1999."

entre a Covilhã e a Guarda


autor: João Paulo Mendes Ferreira @ Ferroviários (grupo do Facebook)
comentário do autor: "O comboio especial "As Shindler voltam às Beiras" já na estação da Guarda em Dezembro de 1999. A partir daqui foi tracionado pela 2501."

autor: João Paulo Mendes Ferreira @ Ferroviários (grupo do Facebook)
comentário do autor: "A locomotiva 2501 na Pampilhosa em 1999. Esta tracionou o comboio especial "As Shindler voltam às Beiras" entre Guarda e Lisboa que se realizou em 12 de Dezembro de 1999 organizado pela comissão instaladora do Museu Nacional Ferroviário com o apoio da C.P."

comentário do autor: "Portugal's first electric locomotive 2501 of 1956 vintage is seen at the head of 13844 14.25 Guarda to Lisboa Santa Apolonia railtour as it pauses at Coimbra B for a crew change. Sunday 12th December 1999."


(actualizado em 18-01-2013)

sábado, 17 de março de 2012

Metro de Lisboa - Intervalo entre Comboios (2)


Já aqui tinha falado do novo modelo de exploração na linha verde (comboios de apenas 3 carruagens) e da redução da oferta na rede do Metropolitano de Lisboa (ML) e das consequências inevitáveis desta decisão.
Ontem, em comunicado, o ML esclarece os clientes que:
"
a oferta de transporte prestada pelo Metro em cada uma das suas quatro linhas é dimensionada em função de critérios de eficiência, segurança e racionalidade económica, tendo necessariamente em conta a variação da procura que é naturalmente diferente ao longo do dia e durante os fins-de-semana e feriados."

"
foram recentemente efetuados reajustes na exploração que passaram pela diminuição da velocidade de exploração e pela redução do número de carruagens em circulação."

Estou de acordo que se tivessem feito ajustes fora da hora de ponta e aos fins de semana e feriados. Não posso concordar de maneira nenhuma que se fizessem cortes na hora de ponta, com aumento do tempo de espera, com a redução de lugares e com a diminuição da velocidade de circulação.

"Assim, a exploração passou a ser realizada nas 4 linhas do seguinte modo:

1. Aos dias úteis, nas linhas azul, amarela e vermelha, os comboios circulam com composições de 6 carruagens desde as 06h30:

- até às 21h30 na linha Azul;

- até às 21h00 na linha Amarela;

- até às 20h30 na linha Vermelha.

A partir destas horas e até ao final de exploração (01h00) os comboios nestas linhas são reduzidos a composições de 3 carruagens.

3. Aos fins-de-semana e feriados, em todas as linhas, durante todo o dia, os comboios circulam com 3 carruagens."

Esta alteração peca por tardia, pois fazer circular comboios de 6 carruagens "vazios" era um perfeito desperdício.

"No que diz respeito à linha verde, convém esclarecer o seguinte:

- a redução do número de carruagens, teve como fim um ajuste da oferta à procura, numa lógica de otimização dos recursos e com base nos dados de procura de 2011, e tendo sempre presente as variações verificadas ao longo do dia;

- a redução do número de carruagens foi acompanhada pelo aumento do número de comboios a circularem no período de ponta da manhã, implicando uma redução do intervalo entre comboios neste período (ao contrário do referido na comunicação social, houve uma redução do intervalo de tempo entre comboios);"

Quem diariamente viaja na Linha Verde não pode de maneira nenhuma concordar que houve um aumento da oferta, com a diminuição do intervalo entre comboios. A percepção do Cliente é precisamente a oposta.

Seria interessante que, tal como na Linha Vermelha, nas restantes linhas já existisse informação do tempo de espera pelo próximo comboio, de modo a que os Clientes pudessem de facto verificar que esse tempo é inferior ao anteriormente praticado (4 minutos e 10 segundos).

Para terminar, deixo aqui um quadro comparativo entre os tempos de espera de de 2011 e os actuais.



quarta-feira, 14 de março de 2012

Lisboa: O eléctrico 18



comentário do autor: "Lisboa 703 a 1935 standard car on Rua de Dom Vasco at Boa Hora on service 18 on 25 October 1975."

No passado dia 03 de Março, a Carris introduziu algumas alterações (cortes, supressões e encurtamentos) na sua rede. Entre estas alterações, destaca-se o encurtamento ao Cais do Sodré do eléctrico 18.
Esta carreira ligava a Rua da Alfândega à Ajuda com passagem por Santos, Calvário e Boa Hora e tinha circulações espaçadas de cerca de 20 minutos (horário de 2010).


Com os cortes e ajustes, a carreira perde regularidade e consequentemente passageiros. Compreendo que a Carris queira direccionar recursos para as carreiras de maior procura turística, como o E12 ou o E28, mas não pode esquecer os outros passageiros, obrigando-os a fazer transbordos e a demorar mais tempo nas suas deslocações.

Este é o novo horário, sem distinção de verão/inverno ou dia útil de período escolar e não escolar.


As imagens seguintes ilustram o o percurso desta emblemática carreira de eléctricos.

comentário do autor: "Lisboa 568 Corpo Santo 1976
Lisboa 568 on service 18 to Ajuda at Largo do Corpo Santo on 18 September 1976. This was the original 568 of 1929, built by Carris on a Maley & Taunton 4-wheel truck.
"


comentário do autor: "Cemitério da Ajuda
The environment of the terminus of Lisbon tram 18 has changed over the years. This photo dates from 1978
"


comentário do autor: "Lisbon, Cais do Sodre, Route 18.
Um Bongo liveried 4 wheel tram no.708 built 1935 enters Cais do Sodre square with a route 18 service to Ajuda. These trams were originally built for use on the more hilly routes in the east of the city. Note the British Bar to the left and Britanica Tobaconists as well. Taken 04.02.1994."



fonte: http://www.flickr.com/photos/cecferro/6479380739/


fonte: http://www.flickr.com/photos/cecferro/6979019757/


comentário do autor: "2012-01-06 - 563 - Cc Ajuda"

Nota: as fotos que ilustram este artigo estão identificadas com o nome do autor e quando aplicável, com a referência onde foram encontradas.