quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Linha da Beira Baixa - que futuro?


Estará o serviço de passageiros da linha da Beira Baixa (LBB) condenado ao fracasso? Será que a troca de material motor ocorrida ontem é o inicio do fim?

Antes de passarmos à análise crua e fria dos números, relembro que a electrificação chegou à estação das Mouriscas em 1995 e a Castelo Branco 10 anos mais tarde (16-07-2005).
- em 1997 existiam dois intercidades em cada sentido, demorando a viagem cerca de 4h20min.
- em 2004 existiam dois intercidades em cada sentido, demorando a viagem cerca de 4h05min; a troca de locomotiva era realizada no Entroncamento e demorava cerca de 25 minutos - tempo útil de viagem: 3h40min (fonte: horário CP de 11-07-2004)
- em 2008 existiam três intercidades em cada sentido, demorando a viagem cerca de 4h10min; a troca de locomotiva era realizada em Castelo Branco e demorava cerca de 15 minutos - tempo útil de viagem: 3h55min (fonte: horário CP de 14-12-2008)
- em 2011 existem três intercidades em cada sentido, demorando a viagem cerca de 3h45min; - este é também o tempo útil de viagem visto que não há troca de locomotiva

O problema da LBB não avdém dos afrouxamentos existentes entre Mouriscas e Rodão, (onde o comboio circula a 30km/h e que obrigam a atrasos sucessivos) nem dos horários pouco atractivos. O problema da LBB é estrutural.

A electrificação realizada só por si não resolveu quase nada. Quando comparados, os tempos de percurso de 2004 e 2011 são quase idênticos, se descontarmos o tempo gasto na troca de locomotiva.

Então o que correu mal na LBB? Foi a falta de investimento na requalificação da infraestrutura, onde além da catenária, pouco mais mudou. Continuam a existir muitos km's com travessas de madeira e carril de barra curta.
As velocidades praticadas continuam muito idênticas às dos anos 90 do século passado. Estará o serviço de passageiros condenado? Talvez não, visto que a introdução de portagens na A23 vai trazer muitos clientes para o transporte público. Vamos ver se a CP vai aproveitar a oportunidade.

2 comentários:

  1. A Linha da Beira Baixa bem como as Linhas do Leste e do Oeste, de entre outras, são linhas estruturantes do país. Nas é preciso que os politicos percebam isso para actuarem em conformidade, A Linha da BB deveria estar ligada à Guarda para poder servir de alternativa à Linha da Beira alta como antigamente fazia sempre que era preciso. E não nos podemos esquecer que, apesar de tratarem de distritos diferentes, há ligações de vida e de economia entre a Cova da Beira e a Guarda para além da tal alternativa.
    A Linha do Oeste serve também uma região importante em todos os aspectos e antigamente também servia de alternativa à Linha do Norte quando a mesma estava cortada.
    A Linha do Leste é a segunda ligação a Espanha e lia primordialmente o norte alentejano à capital e à região centro.
    Todas têm em comum uma degradação acentuada devida à falta de investimentos ao logo de décadas e muito especialmente depois de terem sido criadas tantas auto-estradas a que todos os governos têm dado privilègios para fazerem render as suas obras de regime.
    Já é tempo das pessoas se sentarem à mesa e dizerem de uma vez por todas o que querem afinal para este país. Se Caminhos de ferro competitivos porque mais amigos do ambiente, porque mais rentáveis se funcionarem bem e mais ligados às populações do interior já que o comboio lhes passa à porta ou se querem só auto-estradas para que os carros e camiões alemães e franceses andem mais à vonta, à vontade dos Mercokys. Mas digam o que ensam abertamente para que as pessoas saibam mesmo com o que podem contar amanhã.

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  2. Mais uma achega para o futuro da Linha de Beira Baixa - http://os-caminhos-de-ferro.blogspot.com/2011/11/linha-da-beira-baixa-da-covilha-guarda.html

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