terça-feira, 16 de outubro de 2012

Greve dos Maquinistas - o "fundo de greve"

Greve dos ferroviários. Descarrilamento de comboio à saída do túnel de Xabregas, Lisboa, 1914.
Foto atribuída a Joshua Benoliel, in colecção Ferreira da Cunha oferecida pela Sojornal, Sociedade Jornalística e Editorial, S.A., ao Arquivo Fotográfico da C.M.L.



Ainda a propósito do conteúdo recebido por e-mail e que foi aqui publicado num artigo denominado "Estado d'Alma IV", tive oportunidade de ler mais alguma coisa sobre toda a envolvência das greves dos maquinistas da CP (e não só).

Fiquei a saber que em 1980 foi criado um "fundo de greve" que tem como objectivo remunerar os maquinistas nos "dias de protesto". Na prática, isto significa que um  trabalhador em greve, não sofre qualquer penalização salarial, visto que o dia é pago por este fundo (leia-se pelo sindicato).

Transcrevo aqui, algumas artigos publicados na imprensa escrita, sobre este assunto.

"Greve geral: maquinistas da CP são os únicos que não perdem salário

Os maquinistas da CP são os únicos trabalhadores em Portugal que não vão perder o salário por fazerem greve geral quinta-feira porque vão ser reembolsados pelo fundo de greve do seu sindicato.

O sindicato dos Maquinistas (SMAQ) é dos poucos que têm um fundo de greve, que será acionado para reembolsar o dia de salário perdido no âmbito da greve geral de quinta-feira.

"O fundo de solidariedade e greve visa apoiar os associados em situação de greve ou de problemas laborais que aguardam solução nos tribunais", disse à agência Lusa o presidente do SMAQ, António Medeiros.
[...]
O fundo do SMAQ foi constituído em 1980 e é formado com um por cento que cada associado do sindicato desconta especificamente para este fim.

Reembolso de parte do salário

Assim, os maquinistas sindicalizados no SMAQ, um total de 1.400, descontam dois por cento para o seu sindicato enquanto os restantes trabalhadores descontam só um por cento mas não têm fundo de greve.

O fundo é acionado nas situações de greve para reembolsar a parte do salário perdida em paralisações, sejam horas ou dias inteiros.

Segundo António Medeiros, o SMAQ não consegue estimar quantos reembolsos vai ter de fazer porque alguns maquinistas podem ter de fazer dois turnos de greve caso estivessem escalados para entrar ao serviço ao final do dia de quarta-feira e depois para voltar a entrar ao serviço a meio da tarde de quinta-feira, depois do período de descanso.

Além disso, o sindicalista não sabe quantos maquinistas é que vão estar envolvidos no cumprimento dos serviços mínimos definidos para a CP, o que corresponderá a menos horas de greve financiadas pelo SMAQ.
"Os serviços mínimos definidos põem em causa o direito à greve, são excessivos, um abuso, mais valia terem a coragem de dizer que os maquinistas não têm o direito à greve", disse acrescentando que os maquinistas decidiram que cada comboio que se realize no âmbito dos serviços mínimos será assegurado pelo trabalhador a cujo turno pertencia esse comboio.

Isto vai envolver um elevado número de maquinistas embora uns possam trabalhar apenas uma hora e outros várias horas seguidas.
Os maquinistas da CP fizeram muitas greves no início dos anos 90, suscitando até requisições civis, e voltaram a fazer várias greves de vários dias em 2003 e 2007 no Metro do Porto.

"Se não fosse o fundo de greve os maquinistas não teriam aguentado tantos dias de greve", salientou António Medeiros.

O SMAQ, que é um sindicato independente, representa cerca de 98% dos maquinistas da CP e 90% dos maquinistas do Metro do Porto.
"
fonte: Expresso

 "Greve dos maquinistas. O que a CP não paga o sindicato compensa

Após o protesto que parou cerca de 2 mil comboios durante a quadra natalícia, os maquinistas da CP preparam uma nova paralisação para a passagem de ano. No caso dos maquinistas da CP ou do metro, aderir à greve não é um dilema que se resolve em função de quanto se vai perder com menos um dia de salário. Qualquer maquinista português pode aderir tranquilamente à paralisação porque no fim tem a garantia de que o seu vencimento será pago por inteiro. Não se trata de uma benesse da administração, mas de um fundo de greve que o sindicato criou em 1980 para reembolsar parte do salário perdido em paralisações ou impasses entre funcionários e empresas que se arrastam nos tribunais.
"


fonte: ionline



Sem comentários:

Enviar um comentário