sexta-feira, 30 de maio de 2014

Metro de Lisboa não tem travões de emergência há dois anos (título do jornal ionline.pt)

Em Fevereiro de 2012, o Metropolitano de Lisboa (ML) introduziu um novo modelo de exploração, na LInha Verde. A "desculpa" apresentada era a "redução de custos de exploração". Na mesma altura e com a mesma desculpa, a velocodade de exploração foi limitada a 45km/h. Esta redução na velocidade dos comboios, constituiu uma degradação de serviço, aumentando o tempo de viagem.
Passados dois anos, a verdade vem finalmente escrita nas páginas dos jornais .... afinal a redução de velocidade foi provocada por uma limitação nos sistemas de segurança ....


Metro de Lisboa não tem travões de emergência há dois anos (título do jornal ionline.pt)

Por Carlos Diogo Santos
publicado em 30 Maio 2014 - 05:00


O Metro de Lisboa está há dois anos sem travões de emergência em qualquer um dos seus comboios. Em causa está uma falha nos freios electromagnéticos que foi detectada em 2012 e que obrigou a que a empresa desactivasse este sistema de travagem. O i sabe que esse foi aliás um dos motivos que levou à redução global da velocidade nos túneis de 60 para 45 km/h. Fontes ligadas ao sector ferroviário garantem que, se à saída do túnel, o maquinista tiver necessidade de imobilizar o comboio não conseguirá fazê-lo sem que três carruagens entrem na estação. Se os sistemas de freios estivessem todos a funcionar apenas uma entraria dado que a travagem seria muito mais rápida e eficiente. Confrontada, a empresa confirmou ao i esta deficiência, assegurando que tudo será ultrapassado nos próximos meses.

O i contactou há já vários dias o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMT) colocando várias questões relacionadas com esta matéria mas, até à hora de fecho, não obteve qualquer comentário. É, no entanto, a este organismo que cabe "assegurar a coordenação geral do sistema de transportes terrestres, promovendo e apoiando a implementação de estratégias que contribuam para a eficácia e segurança dos equipamentos".

Em 2011 o Metropolitano de Lisboa passou a circular a 45 km/h fora das horas de ponta e aos fins-de-semana, medida aplicada para reduzir os custos operacionais, mas desde há dois anos que essa passou a ser a velocidade máxima em todas as situações. O problema nos freios que obrigou a esta redução de velocidade nunca fora anunciado pela empresa.

"Foi detectado em 2012 um problema mecânico resultante da fadiga dos materiais de suporte dos freios electromagnéticos, que constituem um dos vários sistemas de travagem instalados no material circulante", refere a empresa pública alegando que perante este cenário "decidiu imediatamente implementar medidas de mitigação do risco, tendo optado pela desactivação deste freio em toda a frota". Esclarecem ainda que a 45 km/h conseguem apenas com os sistemas existentes "garantir a compatibilidade da infra-estrutura com o novo padrão de funcionamento."

Fonte do sector ferroviário explicou ao i que este tipo de freio desactivado há dois anos imobiliza o comboio "ao produzir uma força contrária", enquanto que actualmente, as carruagens são imobilizadas com recurso a um travão, sistema aliás idêntico ao dos carros: de disco.

O Metro de Lisboa refere ainda que os freios electromagnéticos não são travões de emergência, mas uma rápida consulta pelas características dos comboios no site da empresa permite verificar que para "travagens de emergência" existem dois freios: o electromagnético e o electropneumático.

Ou seja, segundo a descrição feita no site, sem o electromagnético restaria o electropneumático. Mas não é isso que acontece. Segundo a empresa referiu ao i, "este freio não existe no material circulante. A travagem de um comboio é assegurada por três meios distintos que solidariamente efectuam esforço de travagem necessário ao abrandamento ou à imobilização: travagem efectuada pelos motores, travagem realizada pelos freios de disco e a travagem electromagnética" - que está desactivada há dois anos. Na prática, o sistema actual de travagem do Metro da capital é idêntico ao de um carro.

REPARAÇÃO Fonte oficial da empresa garantiu ao i que a situação está neste preciso momento a ser reparada. Refere que a empresa está a proceder à substituição dos suportes de freio em toda a frota por novos elementos mecânicos. Defendem que parte da frota já foi intervencionada, ainda que nenhum comboio tenha já o novo sistema de travagem a funcionar.

Desde 2011 que o Metro de Lisboa deixou de ter a assistência técnica da Siemens. Até aí o fornecedor dos comboios era responsável pela reparação de alguns equipamentos electrónicos, como previa o contrato de assistência técnica celebrado entre as duas empresas. Mas desde há três anos que, para economizar 300 mil euros anuais, a empresa pôs fim esse contrato.

A Metro de Lisboa afirma porém que "a reparação e fornecimento dos equipamentos electrónicos, objecto do contrato com a Siemens não apresenta qualquer relação com as incidências no material circulante".

SOLUÇÃO NO SEGUNDO SEMESTRE Ainda que a empresa insista que a segurança dos passageiros não está em causa com esta desactivação de travões, garante que tudo será resolvido com a máxima brevidade. Adiantou mesmo ao i que no segundo semestre deste ano será feita a reactivação do funcionamento dos freios electromagnéticos.

Quem actualmente repara a frota do metropolitano de Lisboa são funcionários da própria empresa. Num email enviado ao i, é referido que tal manutenção está certificada "pela norma ISO 9001:2012" e que os colaboradores da empresa contam com dezenas de anos de experiência.

Apesar do contrato de assistência com a Siemens - que esteve em vigor até há três anos - fonte oficial ressalva que a manutenção sempre esteve a cargo dos funcionários da empresa pública.

CUSTOS Segundo os profissionais do sector ferroviário consultados pelo i, quando os travões eléctricos não estão a funcionar e se recorre aos travões de discos acontece um desgaste substancial destas peças que conduz a custos de manutenção elevados. Significará isto que, ao não ter sido reparado de início os freios electromagnéticos, o Metro de Lisboa terá gasto mais na manutenção dos travões "mecânicos".

"Estes travões, que não têm uma paragem tão eficiente, se estiverem em uso permanente obrigam a uma substituição muito mais frequente de cepos e discos", disse uma fonte ligada ao sector, adiantando que a poupança com a não reparação dos freios electromagnéticos não deve estar a ser muita: "A substituição de material como discos e cepos não é barata."

fonte: inoline.pt


Metro de Lisboa garante «total segurança» na circulação dos comboios

O diretor de manutenção do Metropolitano de Lisboa, Jorge Ferreira, garantiu hoje à Lusa que é "totalmente seguro" circular nos comboios do metro, apesar da existência de um problema num dos sistemas de travagem.

"O metro tem vários sistemas de travagem a funcionar. Detetámos um problema mecânico ao nível de um dos sistemas, mas é um sistema redundante e, por isso, permite, em condições totalmente seguras, a circulação do metro", assegurou Jorge Ferreira, em declarações à agência Lusa.

De acordo com o mesmo responsável, a velocidade máxima de circulação dos comboios foi reduzida "por motivos de precaução", de forma a "garantir a adequação de todos os padrões de segurança comuns no metropolitano de Lisboa".

Jorge Ferreira precisou que o problema mecânico foi detetado há dois anos, numa inspeção normal dos comboios, tendo sido feita, posteriormente, a análise mecânica e decidido que "as novas peças que vão ser instaladas estão de acordo com os padrões de segurança adequados".

"Estamos neste momento a fazer novas peças metálicas, que serão certificadas com meios radiográficos, e já estão a ser instalados nos comboios estes elementos onde se verificaram as falhas mecânicas", adiantou.

Jorge Ferreira insistiu na explicação de que o sistema de travagem é "redundante", uma vez que é composto por vários elementos que, juntos, contribuem para o esforço necessário de travagem do comboio, um dos quais apresentou um problema.

"Só um dos sistemas, o que é usado em situação limite, é que teve problemas. Este não faz parte do sistema normal de travagem, não é um freio de serviço, só atua em situação limite, muito embora todos os sistemas estejam a funcionar integralmente e compatíveis uns com os outros", sublinhou.

O jornal i notícia hoje, na sua manchete, que o Metro de Lisboa não tem travões de emergência há dois anos.

Numa investigação de quatro páginas, o i revela alguns dos problemas com que se depara o metropolitano, entre os quais a segurança que é inexistente entre as 12:00 e as 17:00, alertando ainda que aos maquinistas não é feito nenhum teste psicológico.

Diário Digital com Lusa

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