Metro de Lisboa cancela sistema que custou 20 milhões em prol de dispositivo que funciona de forma «pontual»
Apesar da oposição dos pareceres internos e das recomendações europeias, a administração do Metropolitano de Lisboa terá optado por desmantelar um sistema de segurança e condução automática, o ATP/ATO (Automatic Train Protection/Automatic Train Operation), avaliado em 20 milhões de euros, em prol de um sistema já com 37 anos, o Dispositivo de Travagem Automática de VIA (DTAV).
A notícia é avançada na edição desta terça-feira do Jornal de Notícias, com o diário a acrescentar que a decisão de retirar o sistema ATP/ATO das paredes e dos comboios que circulam na Linha Vermelha, que liga a estação de São Sebastião à do Aeroporto, ficou a dever-se à falta de disponibilidade da empresa em estendê-lo até à última estação da linha, recomendação que consta nos relatórios elaborados internamente.
Já sobre o sistema agora responsável pela segurança na Linha Vermelha, um técnico da empresa disse ao jornal que este funciona de forma «pontual» para casos de «excesso de velocidade», não se tendo mostrado eficaz, por exemplo, no momento em que um dos maquinistas embateu contra o paredão.
«O DATV é um controlo pontual para o excesso de velocidade. Mas não impediu a colisão, por exemplo, que aconteceu recentemente no Aeroporto e que deixou o comboio tipo acordeão. A empresa ocultou as imagens, porque o maquinista estava cansado e acelerou na saída da estação do aeroporto. Acabou por embater no paredão porque não havia nenhum sistema de travagem», relatou o técnico, não identificado, ao jornal.
in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=766506--/--
Metropolitano de Lisboa garante que segurança está salvaguardada
O Metropolitano de Lisboa assegurou hoje que as condições de segurança dos utentes estão salvaguardadas, explicando que o sistema de segurança e condução foi desmantelado há cinco anos por estar "obsoleto" e exigir um investimento avultado.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a propósito das notícias avançadas terça-feira sobre o desmantelamento pelo Metropolitano de Lisboa de um sistema de segurança e condução automática que custou 20 milhões de euros, contra pareceres internos, a empresa garantiu que a "segurança dos clientes e colaboradores está naturalmente salvaguardada".
"A empresa tem-se pautado sempre pelo cumprimento dos principais e mais exigentes padrões de segurança, pelo que lamenta as notícias publicadas", adianta o texto.
O Jornal de Notícias adiantou terça-feira que o Metropolitano de Lisboa mandou retirar um sistema inteiro de segurança e condução automática das composições, que dispensava a intervenção direta do condutor.
Este sistema (ATP/ATO -- Automatic Train Protection/Automatic Train OPeration) terá sido arrancado da Linha Vermelha (entre São Sebastião e o Aeroporto) porque a empresa não mostrou disponibilidade para estender o mecanismo às novas estações até ao aeroporto da Portela, como defendiam relatórios elaborados internamente.
O jornal destacou ter tido acesso a vários documentos, cedidos por fontes ligadas ao metro, nos quais se alertava para as questões de segurança e para o facto de esta estrutura de transportes estar a tornar-se obsoleta.
No comunicado de hoje, a empresa explicou que "o sistema ATP/ATO nunca atingiu a performance prevista, estava obsoleto e vinha dando muitos problemas de desenvolvimento, quando, há cerca de 5 anos, foi desativado".
"Por esse motivo, aliás, teve de ser desligado durante vários períodos antes de ser completamente desativado aquando do prolongamento da Linha vermelha ao Aeroporto e a S. Sebastião", acrescentou.
De acordo com a empresa, manter o sistema, que revelava ser tecnologicamente obsoleto, implicava um investimento adicional de 22 milhões de euros.
"A opção, na altura, recaiu na instalação de um sistema clássico de sinalização, tecnologicamente atualizado, semelhante ao das três outras linhas, as quais, aliás, apresentam uma carga diária de passageiros muito superior à da Linha Vermelha".
A empresa explica também em comunicado que a manutenção é realizada nas instalações do Metropolitano e envolve "pessoal técnico especializado e instalações e equipamentos adequados para a realização de todos os escalões e atividades".
"Muito se estranha que tendo sido o sistema desativado há cerca de 5 anos, surja agora esta preocupação, com um sistema de segurança desativado e substituído por um sistema de segurança semelhante ao das três outras linhas", destacou ainda a empresa no comunicado.
Na terça-feira, a Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) defendeu que estão garantidas as condições de segurança na circulação do Metropolitano de Lisboa, apesar das "políticas de desorçamentação e desinvestimento" seguidas pela administração da empresa.
Lusain http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2015-04-01-Metropolitano-de-Lisboa-garante-que-seguranca-esta-salvaguardada
Sem comentários:
Enviar um comentário