Na história dos caminhos-de-ferro em
Portugal existe uma situação extremamente curiosa - a linha do Vale do Lima.
Em 1874 foi criada uma concessão para uma linha férrea
em via reduzida e em leito próprio entre Viana do Castelo, Ponte de Lima e
Ponte da Barca, ligando estas povoações ao Alto Lindoso.
O serviço ferroviário era destinado ao transporte de
pessoas e mercadorias, mais concretamente para escoamento de produtos
provenientes da zona Cuenca del Lima, em Espanha, via porto de Viana do
Castelo.
Em 1887 iniciaram-se os estudos e elaborados os
ante-projectos. Em 1900 foi publicado o “Plano das Linhas Complementares a
Norte do Mondego”, onde constava a Linha do Vale do Lima, com bitola métrica em
leito próprio. Nos anos seguintes apenas foram construídas as linhas
complementares na região de Trás-os-Montes (troços das Linhas do Tâmega, Corgo,
Tua e Sabor).
Até 1907 sucedem-se os estudos, concursos e transferências
de concessão, ficando esta na empresa Canha & Formigal.
Durante este tempo tornou-se evidente que a linha não
deveria desenvolver-se exclusivamente ao longo da margem direita do Rio Lima.
Em Lanheses a linha deveria passar para a margem esquerda de forma a evitar
terrenos difíceis na zona de Bertiandos.
Ficava assim definido o primeiro troço a construir -
entre Viana e Lanheses, num total de 16 km. Este troço contemplava a construção
de uma ponte mista para atravessamento do Rio Lima.
A implantação da República (05/10/1910) e a Primeira
Guerra Mundial adiaram o início dos trabalhos. A ideia de ter um canal próprio
para a via férrea é substituída pela ideia de construir a linha em leito de
estrada, aproveitando assim a infra-estrutura existente. Surge também a ideia
de electrificar a linha, aproveitando a energia produzida nos empreendimentos
hidroeléctricos do Lindoso, Cávado e Rabagão.
Em 1920 a empresa Estância de Santa Luzia apresenta
uma proposta para estabelecer uma ligação por caminho-de-ferro eléctrico entre
Viana do Castelo e Arcos de Valdevez, em leito de estrada nacional. É ainda
solicitada autorização para a construção de um ramal, entre Viana e o Monte de
Santa Luzia.
Em 1922 é aberto concurso público para o assentamento
daquela via e respectiva exploração no transporte de passageiros e mercadorias
por um período de 65 anos.
Em 1923 o ministro do Comércio, com interesses
pessoais no distrito, promoveu a construção da linha com tracção eléctrica
sobre leito de estrada. Na sequência desta acção, foi encomendado à Alemanha um
conjunto de 12 carruagens automotoras eléctricas.
O canal ferroviário foi aberto entre Viana e Ponte de Lima, tendo sido construidas diversas obras de arte, taludes e trincheiras.
As imagens que se seguem, são da autoria de Manuel Olimpio Barros, que gentilmente as cedeu para publicação neste blog.
"esboço do mapa L.Vale do Lima (Viana até Portuzelo)"
"esboço do mapa L.Vale do Lima (Portuzelo até S.S.Torre)"
"esboço do mapa L.Vale do Lima (Vila Mou até Lanheses)"
"esboço do mapa L.Vale do Lima (Fontão a Bertiandos)"
"esboço do mapa L.Vale do Lima (Sta. Comba a P.Lima)"
"km 1,850 Ponte alvenaria ribeira de Fornelos (divisão entre Viana e Meadela)"
"Km 1.851 até km 2,050 ainda visivel o trajecto linha (Meadela)"
"km
2,950 Paragem Meadela, nesta paragem havia um grande espaço reservado a
uma linha de topo para cargas e descargas de mercadorias (Praça Linha
Vale do Lima)"
"km 3,900 Ponte (ribeira de Portuzelo)rua Linha da linha divide a Meadela de Portuzelo"
"km 3,900 Ponte (ribeira de Portuzelo)rua Linha da linha divide a Meadela de Portuzelo"
"km 3,550 Rua Ventela (Meadela)"
"km 4,050 Ponte ribeira Sta. Martinha rua Linha da linha(Portuzelo)"
"km 4,050 Ponte ribeira Sta. Martinha rua Linha da linha(Portuzelo)"
"km 5,100 estação Sta. Marta (rua Vale do Lima) Sta. Marta de Portuzelo"
"km 6,900 Pontão quinta Dr. Coelho Serreleis"
"km 7,000 saída da quinta Dr. Coelho (rua Mimosas)"
"km 9,000 apeadeiro Cardielos"
"km 9,300 ponte destruida (com vestigios) Cardielos"
"km 10.000 Pontão rua Fontão do Lima Cardielos"
"km 10,200 Pontão Cardielos"
"km 10,300 Ponte rib. de Nogueira, divisão de Cardielos com Nogueira e S.S.Torre"
"km 11,000 apeadeiro de S.S.Torre"
"km 11,400 ponte destruida S.S.Torre"
"km 13,100 ponte rio Seixo divide S.S.Torre e Vila Mou"
"km 14,800 Ponte pedonal (travessa Campelo) Lanheses"
"km 15,100 estação de Lanheses"
"km 16,200 junto à estrada Nacional"
"km 17,000 ainda visivel o muro de suporte entra em direcção arvores junto à estrada"
"km 17,500 Ponte rib. Muragalhos, divide as frg. Lanheses e Fontão"
"km 18,700 entrava no caminho (Fontão)"
"km 18,750 muro de suporte linha (ecopista) recta de Bertiandos"
"km 18,780 recta de Bertiandos (ecopista)"
"km 18,850 Ponte Bertiandos"
"18,850 Ponte Bertiandos"
"19,200 pontão passagem de água veiga Bertiandos"
""
"19,200 pontão passagem de água veiga Bertiandos"
"19,300 Ponte veiga Bertiandos"
"km 19,350 mini pontão passagem de água veiga Bertiandos"
"km 19,500 Ponte Veiga Bertiandos"
"19,600 Ponte veiga Bertiandos"
"km 17,800 Ponte pedonal Fontão"
"km 19,000 recta Bertiandos ecopista"
"km 19,800 depois do solar de Bertiandos"
"km 20,000 Apeadeiro de Sta. Comba"
"km 20,500 Caminho ao lado estrada Nacional"
"km 20,800 Caminho preservado ao lado estrada Nacional"
"km 20,900 Caminho ao lado estrada Nacional"
"km21,400 rua Rego Azal "linha""
"km 21,600 ponte destruida Largo Sra. da Luz (Fornelos)"
"km 23,000 Estação de Fornelos"
"km 23,000 cais da estação Fornelos ??? segundo informações populares"
"23,110 rampa (elevação Terreno)"
"km 23,500 local de Ponte (destruida) em direcção elevação de terreno"
"km 23,550 elevação de terreno onde iria passar o comboio"
"km 23,650 passagem de águas antes da ponte"
"km 23,650 passagem de águas"
"km 23,680 Ponte rio Labru (Ponte Lima)"
"km 23,680 Ponte rio Labru (Ponte Lima)"
"km 23,700 fim da elevação de terreno"
"km 23,710 não se encontram mais vestigios da referida linha que seguia em direcção ao km 42,000 Ponte da Barca e desta em direcção ao km 46,000 Arcos Valdevez"
Nota 1: este blog não representa qualquer organização, empresa ou tendência ferroviária. É apenas e só um espaço de opinião.
Nota 2: as fotos que ilustram este artigo estão identificadas com o nome do autor e quando aplicável, com a referência onde foram encontradas.
Nota 2: as fotos que ilustram este artigo estão identificadas com o nome do autor e quando aplicável, com a referência onde foram encontradas.
Gostei imenso!
ResponderEliminarExcelente pesquisa histórica e reportagem.
Muit'obrigado pelo excelente trabalho esclarecedor.Bem haja!
ResponderEliminarParabéns! Um bom trabalho. Já algum tempo aguardava-se um levantamento deste projeto que foi abandonado. Seria muito conveniente saber as razões que levaram ao abandono do mesmo. No seu tempo, poderia ter beneficiado em muito esta região do vale do Lima.
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