A CP tem à venda material diesel com o qual espera obter receitas de 7,7 milhões de euros. A lista consta do site da Ozark Moutain Railcar, uma empresa com sede no Texas, com a qual a transportadora ferroviária tem um acordo para a venda destes comboios. A empresa continua, no entanto, a alugar automotoras à espanhola Renfe. Ao todo estão à venda 26 locomotivas, 30 carruagens e 15 automotoras UTD (Unidades Triplas Diesel) num total de 101 veículos ferroviários.
"Não existe um contrato com a Ozark Mountain Railcar, mas sim um acordo que permite a essa empresa promover a intenção de venda de material circulante da CP”, disse ao PÚBLICO fonte oficial da empresa, que explicou que esse acordo não tem quaisquer custos para a CP “uma vez que é estipulado o preço que esta empresa pretende receber e a Ozark adiciona ao mesmo a sua comissão”.
Trata-se de uma situação diferente da que ocorreu há três anos quando uma empresa sedeada em Singapura pôs à venda 11 automotoras da CP sem que esta soubesse. O anúncio acabou por ser removido do site do broker depois de o PÚBLICO ter questionado a transportadora pública sobre aquela alegada venda.
Agora, a venda é oficial, explicando a CP que este material não é necessário à operação e admitindo ainda vir a alienar mais carruagens, locomotivas e automotoras a diesel que estão fora de serviço. Parte deste material foi reabilitado nas oficinas da EMEF para ser vendido para a Argentina, mas acabou por não embarcar porque o cliente não pagou. Está todo em estado de funcionamento.
Os comboios podem ser eléctricos ou a diesel e a CP sublinha que “nenhum deste material a motor [colocado à venda] é de tracção eléctrica”. Contudo, é precisamente a frota de material eléctrico da CP que é – actualmente – excedentária. Na frota diesel, a empresa tem grandes carências, o que a levou a alugar 17 automotoras à sua congénere espanhola Renfe em 2010.
A CP não quis divulgar quanto paga aos espanhóis pelo aluguer deste material, apesar de, após queixa do PÚBLICO, a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos ter deliberado que essa informação deveria ser pública. Um tribunal de primeira instância condenou também a CP a fornecer ao PÚBLICO os documentos relativos a esse negócio, mas a empresa recorreu com base em questões de natureza processual.
A maioria dos 101 veículos postos à venda está em estado de circulação. São velhos e têm custos de manutenção bastante elevados, razão pela qual a empresa os retirou da operação. Têm ainda a agravante de não ter ar condicionado, que a CP considera hoje em dia fundamental em todos os seus serviços.
No caso da linha do Douro, onde grande parte da procura é por motivos turísticos, as “novas” automotoras não permitem abrir as janelas e desfrutar da paisagem. E, como andam constantemente grafitadas, há passageiros que nem sequer conseguem ver através dos vidros, situação que não se verificaria se as janelas se abrissem.
Por outro lado, as automotoras alugadas (em serviço no Douro e no Minho) também são velhas e já nem sequer circulavam na rede espanhola. Ou seja, a CP tem à venda material que retirou do serviço, mas aluga material que a Renfe também já tinham retirado de circulação.
A CP nunca fez as contas entre os custos de utilizar o seu próprio material envelhecido e os custos do aluguer das automotoras espanholas. Por uma razão simples: o primeiro aluguer, que foi feito em 2010, deveria durar apenas cinco anos, tempo suficiente para a Refer electrificar as principais linhas da rede ferroviária nacional onde ainda se circula a diesel. Só que os investimentos não avançaram e a CP acabou por ter de prolongar o aluguer.
Em Março do ano passado, assinou um novo contrato com a Renfe, no qual acrescenta mais três composições, passando a 20 o total de automotoras alugadas. A situação actual é, assim, o resultado de actos de gestão que são planos de contingência, aos quais se seguem outros planos de contingência porque as soluções são, à partida, provisórias.
"Não existe um contrato com a Ozark Mountain Railcar, mas sim um acordo que permite a essa empresa promover a intenção de venda de material circulante da CP”, disse ao PÚBLICO fonte oficial da empresa, que explicou que esse acordo não tem quaisquer custos para a CP “uma vez que é estipulado o preço que esta empresa pretende receber e a Ozark adiciona ao mesmo a sua comissão”.
Trata-se de uma situação diferente da que ocorreu há três anos quando uma empresa sedeada em Singapura pôs à venda 11 automotoras da CP sem que esta soubesse. O anúncio acabou por ser removido do site do broker depois de o PÚBLICO ter questionado a transportadora pública sobre aquela alegada venda.
Agora, a venda é oficial, explicando a CP que este material não é necessário à operação e admitindo ainda vir a alienar mais carruagens, locomotivas e automotoras a diesel que estão fora de serviço. Parte deste material foi reabilitado nas oficinas da EMEF para ser vendido para a Argentina, mas acabou por não embarcar porque o cliente não pagou. Está todo em estado de funcionamento.
Os comboios podem ser eléctricos ou a diesel e a CP sublinha que “nenhum deste material a motor [colocado à venda] é de tracção eléctrica”. Contudo, é precisamente a frota de material eléctrico da CP que é – actualmente – excedentária. Na frota diesel, a empresa tem grandes carências, o que a levou a alugar 17 automotoras à sua congénere espanhola Renfe em 2010.
A CP não quis divulgar quanto paga aos espanhóis pelo aluguer deste material, apesar de, após queixa do PÚBLICO, a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos ter deliberado que essa informação deveria ser pública. Um tribunal de primeira instância condenou também a CP a fornecer ao PÚBLICO os documentos relativos a esse negócio, mas a empresa recorreu com base em questões de natureza processual.
A maioria dos 101 veículos postos à venda está em estado de circulação. São velhos e têm custos de manutenção bastante elevados, razão pela qual a empresa os retirou da operação. Têm ainda a agravante de não ter ar condicionado, que a CP considera hoje em dia fundamental em todos os seus serviços.
No caso da linha do Douro, onde grande parte da procura é por motivos turísticos, as “novas” automotoras não permitem abrir as janelas e desfrutar da paisagem. E, como andam constantemente grafitadas, há passageiros que nem sequer conseguem ver através dos vidros, situação que não se verificaria se as janelas se abrissem.
Por outro lado, as automotoras alugadas (em serviço no Douro e no Minho) também são velhas e já nem sequer circulavam na rede espanhola. Ou seja, a CP tem à venda material que retirou do serviço, mas aluga material que a Renfe também já tinham retirado de circulação.
A CP nunca fez as contas entre os custos de utilizar o seu próprio material envelhecido e os custos do aluguer das automotoras espanholas. Por uma razão simples: o primeiro aluguer, que foi feito em 2010, deveria durar apenas cinco anos, tempo suficiente para a Refer electrificar as principais linhas da rede ferroviária nacional onde ainda se circula a diesel. Só que os investimentos não avançaram e a CP acabou por ter de prolongar o aluguer.
Em Março do ano passado, assinou um novo contrato com a Renfe, no qual acrescenta mais três composições, passando a 20 o total de automotoras alugadas. A situação actual é, assim, o resultado de actos de gestão que são planos de contingência, aos quais se seguem outros planos de contingência porque as soluções são, à partida, provisórias.
in Jornal Público
Nota: Pelo que sei, estão à venda as locomotivas diesel a série 1550, algumas carruagens Sorefame nao remodeladas e as automotoras da série 600/650.
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