quinta-feira, 26 de maio de 2016

Ex-CP Carga oficializa reforço da frota

A MedLog (ex-CP Carga vai contar com mais quatro locomotivas na sua operação a partir de 2017. O contrato de aluguer operacional de longo prazo das quatro EURO 4000 a diesel foi agora assinado por Carlos Vasconcelos, Presidente do Conselho de Administração, e Bruno Silva, Diretor-Geral, em Madrid, com a empresa Alpha Trains, que as adquire ao fabricante Stadler Rail.

O anúncio de reforço de frota tinha sido feito no dia 16 de Maio, em Lisboa, no momento da apresentação da nova marca, MEDLOG.
As quatro novas locomotivas representam um investimento de cerca de 15 milhões de euros.
De acordo com Carlos Vasconcelos, este passo “está em linha com a nossa estratégia de expansão da actividade. Sendo locomotivas interoperáveis, será possível não só realizar comboios em Portugal como entre Portugal e Espanha, sem ter de mudar de tracção e, por isso, acreditamos que farão a diferença nos serviços que prestamos aos nossos clientes.”
A MedLog terá, a partir de início do próximo ano, uma frota de 68 locomotivas.
in http://www.oje.pt/ex-cp-carga-oficializa-reforco-da-frota/

fonte: http://www.railpictures.net/photo/555123/
 

Vapor volta à Linha de Leixões (ensaio/formação locomotiva a vapor 0186)

fonte: https://www.flickr.com/photos/96929214@N03/27176297041/

Recordo que o comboio histórico regressa ao Douro no próximo dia 04 de Junho. Estas marchas entre Contumil e Leixões destinaram-se a ensaios e formação.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Histórica locomotiva a vapor regressa ao Douro

fonte: http://www.railpictures.net/viewphoto.php?id=287351



A CP arranca a 04 de Junho com as viagens de comboio histórico no Douro, uma campanha marcada pelo regresso da locomotiva a vapor que foi alvo de uma “intervenção inovadora” para substituir o carvão pelo diesel.

Fonte da empresa disse hoje à agência Lusa que serão realizadas 40 viagens até 22 de Outubro, com partida da estação de Peso da Régua, distrito de Vila Real.

O programa do comboio histórico na linha do Douro arrancou no final da década de 90 com uma composição constituída pela locomotiva a vapor 0186, construída em 1925 pela Henschel & Son, e por cinco carruagens antigas em madeira.

Em 2013, a CP procedeu a um conjunto de alterações à locomotiva a vapor com o objectivo de tornar o “comboio mais eficiente do ponto de vista operacional e energético” e mais “sustentável economicamente”.

A empresa explicou que a histórica locomotiva foi alvo de uma “inovadora intervenção” de forma a “substituir a anterior logística implicada (escolha do carvão, seu armazenamento, carregamento e alimentação da caldeira), pelo simples abastecimento do diesel”.

A substituição do carvão mineral por diesel obrigou à alteração da caldeira de cobre por outra, construída em aço soldado e que tem capacidade de suportar uma maior intensidade térmica. O restante processo de produção de vapor mantém-se e é utilizado na movimentação da locomotiva.

A CP garantiu que, com esta alteração, a máquina “fica melhor adaptada às exigências energéticas e ambientais do século XXI”, já que os 1500 quilos de carvão que eram consumidos por viagem de ida e volta (Régua-Tua) são substituídos por cerca de 400 litros de gasóleo.

A nova caldeira é uma reprodução da original e permite “um funcionamento da locomotiva com menos fumo, sem cinza e sem riscos de incêndio”.

Os trabalhos de adaptação foram desenvolvidos pela Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), em conjunto com as empresas espanholas especializadas Autalem e ARMF.

Para substituir a máquina a vapor nos últimos anos, a CP recorreu a uma locomotiva diesel da década de 60 para tracionar o comboio histórico.

Apesar disso, este programa tem registado um aumento de passageiros, tendo crescido 83% em 2015.

Em 2014, viajaram no comboio histórico do Douro 6.768 passageiros e 12.412 passageiros em 2015.

A campanha em 2016 dura seis meses e proporciona viagens todos os sábados, entre 04 de Junho e 22 de Outubro, aos domingos entre 03 de Julho e 25 de Setembro, às quartas-feiras de 03 de Agosto a 31 de Agosto e no feriado de 15 de Agosto.

O comboio parte da Régua e segue até ao Tua, concelho de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, com vista para o rio Douro e as vinhas em socalco, em pleno Património Mundial da UNESCO.

Durante todo o trajecto, haverá animação, assegurada por um grupo de cantares regionais e ainda um brinde com vinho do Porto.

A primeira paragem é efectuada na estação do Pinhão, onde os passageiros podem ver os 25 painéis de azulejo do edifício principal e ainda visitar a loja Wine House.

in http://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-portugal/artigos/historica-locomotiva-a-vapor-regressa-ao-douro

sexta-feira, 13 de maio de 2016

CP prepara plano de contingência para o Verão na linha do Douro (título Jornal Público)

foto: http://www.railpictures.net/viewphoto.php?id=456979




CARLOS CIPRIANO in jornal Público


Atraso na entrega de automotoras espanholas obriga CP a suprimir comboios. Empresa tem vindo a usar autocarros por falta de material circulante.


A falta de material circulante a diesel na linha do Douro tem levado nos últimos dias a CP a suprimir alguns serviços, a substituir comboios por autocarros, ou a aumentar o número de paragens em circulações que eram para ser rápidas. Tudo isto somado com atrasos, numa altura em que a época alta está a começar e a procura por motivos de turismo naquela linha tem vindo a aumentar.

Na origem desta situação está o atraso na entrega de três automotoras alugadas à operadora ferroviária espanhola Renfe, que colocou a CP numa situação dramática na gestão do material circulante no Minho e no Douro. As três automotoras em falta, que só estarão disponíveis em Agosto, virão completar o lote de 20 unidades que a CP alugou à Renfe.

Nesta quinta-feira, a CP anunciou em comunicado que vai reforçar a partir de 15 de Junho o parque de material da Linha do Douro com uma automotora adicional e ainda com uma composição formada por locomotiva e carruagens. Esta última (que tem ainda acoplado um furgão gerador para fornecer energia eléctrica ao sistema de ar condicionado), pode ser aumentada com mais carruagens para responder aos picos de procura dos grupos que sobem o rio de barco e regressam ao Porto de comboio (e vice-versa).

Os grupos têm sido, precisamente, um dos segmentos aos quais a empresa tem tido dificuldade em dar resposta por causa da falta de comboios. Recentemente, uma escola de Barcelos viu recusada pela CP a venda de um bilhete de grupo para 153 alunos com destino a Caldas de Aregos (Resende), tendo o estabelecimento de ensino acabado por recorrer ao transporte por autocarro.

A falta de material circulante e o recurso ao aluguer de automotoras espanholas ocorre depois de décadas em que a empresa vendeu para sucata dezenas de carruagens, locomotivas e automotoras a diesel que desafectou do serviço comercial. À época estes actos de gestão pareciam correctos porque esperava-se que as linhas férreas fossem electrificadas, mas tal não veio a acontecer e a CP ficou sem material que ainda poderia durar mais umas décadas.

Ainda assim, a empresa possui dezenas de carruagem de reserva, que não estão a ser utilizadas e que acabam por se degradar, aumentando os seus custos de recuperação caso sejam chamadas ao serviço. Foi o que aconteceu com o Comboio do Vinho do Porto, composto por carruagens quase panorâmicas destinadas a fazer percursos no Douro e cuja modernização custou um milhão de euros. Hoje este comboio jaz num ramal de Contumil sujeito a vandalização.

A CP não nega estas limitações e diz, no mesmo comunicado, que “recorre diariamente a toda a sua capacidade humana e recursos materiais para ultrapassar as dificuldades e garantir o transporte das populações, ainda que com recurso a soluções que, por vezes, não correspondem às expectativas, nem dos clientes, nem da empresa”.

Outro dos problemas desta linha são as carruagens grafitadas, o que é particularmente grave quando o motivo da viagem é turístico e não se consegue apreciar a paisagem através das janelas cujos vidros estão pintados. Questionada pelo PÚBLICO, a CP diz que “já estão identificados os pontos críticos da infra-estrutura onde estes actos [graffitagem] ocorrem com mais frequência e está-se a procurar formas de reforçar os meios de vigilância dentro das disponibilidades existentes”.

Takargo quer alugar locomotivas que a CP condenou ao abate (título do Jornal Público)

foto: https://www.flickr.com/photos/valeriodossantos/8238709779/


CARLOS CIPRIANO in Jornal Público



Empresa privada quer usar duas máquinas da CP, que já estão desafectadas, para rebocar comboio de jet fuel de Sines para Loulé.

A Takargo, empresa ferroviária de transporte de mercadorias do grupo Mota Engil, quer alugar à CP duas locomotivas eléctricas que já estão desafectadas do serviço comercial. Trata-se de duas máquinas da série 2600 que a transportadora pública deixou de usar porque não ultrapassam os 160 quilómetros por hora (os Intercidades atingem todos 200 quilómetros por hora, com excepção do da Beira Baixa) e porque a empresa, com a privatização da CP Carga, já não faz comboios de mercadorias.

A empresa tem assim encostadas cerca de 20 locomotivas, algumas das quais consideradas reserva e outras a caminho do abate. Mas mesmo as que são reserva, como estão paradas e não costumam circular em operações de manutenção, acabam por se deteriorar ao nível mecânico e eléctrico. E perdem também os certificados de homologação, tornando-se depois dispendioso voltar a certificá-las. O resultado, de acordo com a prática recente da empresa, é o abate para sucata.

Estas locomotivas datam dos anos 70 e 80 e estão aptas a rebocar comboios durante mais duas décadas. Em França circulam ainda cerca de 40 em comboios de passageiros e de mercadorias.

A Takargo, cuja frota é composta unicamente por locomotivas a diesel, quer agora alugar à CP duas máquinas 2600 que pretende afectar ao comboio que transporta o jet fuel para o aeroporto de Faro desde a refinaria de Sines. O percurso até ao Algarve é todo feito em via electrificada.

A utilização destas locomotivas será, contudo, uma gota de água no aproveitamento de material ferroviário em estado de circulação que a CP tem mandado abater. Neste momento, a empresa tem à venda um lote de 91 veículos para transformar em sucata que incluem carruagens e automotoras em estado de marcha, mas que a empresa não necessita para o seu serviço.

Os sucessivos abates de comboios têm, aliás, levantado protestos de alguns entusiastas da ferrovia que, através de petições e em blogues, criticam esta destruição pois consideram alguns veículos património histórico que poderia ser usado em museus ou em comboios turísticos, e porque outros estão em estado de circulação e poderiam ser utilizados após pequenas reparações. A CP, porém, tem 20 automotoras alugadas a Espanha pelas quais paga mais de cinco milhões de euros por ano.

A transportadora pública tem sido pouco transparente nos processos de abate. Em Fevereiro do ano passado, adjudicou à Reciclagem Sucatas Abrantina o abate de 15 automotoras UTD num total de 45 veículos, que foram transformadas em sucata nas oficinas de Guifões (Porto).

Perante a recusa da CP em divulgar o valor dessa venda, o PÚBLICO requereu o acesso ao contrato, tendo a empresa recusado a sua divulgação. Após uma queixa à CADA (Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos), que deu razão ao PÚBLICO por considerar que se tratava de um documento administrativo, a transportadora pública foi adiando a sua entrega o que inviabilizou o recurso ao tribunal em tempo útil.

O PÚBLICO apurou entretanto que cada tonelada de material ferroviário vendida para sucata está estimada em 226 euros, pelo que as 15 automotoras (que pesam 150,7 toneladas cada) abatidas no Porto terão gerado receitas para a CP no valor meio milhão de euros.